Por Que o Dólar Voltou a Ficar Abaixo de Seis Reais?

Saiba por que o dólar caiu abaixo de seis reais. Fatores internacionais, fluxo de investimentos e cenário fiscal explicam a queda.

Entendendo a Queda Recente do Dólar Frente ao Real

O dólar voltou a fechar abaixo de seis reais nesta quarta-feira (22), marcando o menor patamar desde 27 de novembro do ano anterior, quando a moeda americana foi negociada a cinco reais e noventa e um centavos. Esse movimento chamou a atenção do mercado e levantou questionamentos sobre os motivos por trás dessa desvalorização.

Neste artigo, exploramos os principais fatores que influenciaram essa queda, com base em análises de especialistas em matéria publicada pela CNN e no contexto econômico global e doméstico.


A Influência de Donald Trump e o Cenário Internacional

Um dos principais fatores por trás da queda do dólar foi a postura adotada por Donald Trump em seus primeiros dias de mandato. Durante a campanha, Trump prometeu tarifas de importação de até 60% para produtos chineses, o que gerou incertezas no mercado internacional. No entanto, após assumir o cargo, ele revelou que aplicaria tarifas significativamente menores (10%) a partir de fevereiro. Essa mudança de tom acalmou os mercados e reduziu a pressão sobre o dólar.

Paula Zogbi, gerente de pesquisa da Nomad, destacou que o mercado passou a dar um “benefício da dúvida” ao presidente, assumindo que sua retórica seria mais firme do que suas ações concretas. Essa percepção de um cenário mais benigno para o comércio internacional contribuiu para o enfraquecimento do dólar.


Entrada de Dólares no Brasil e Fluxo de Investimentos

Outro fator crucial foi o aumento do fluxo de dólares para o Brasil. Gustavo Trotta, sócio da Valor Investimentos, explicou que os últimos pregões registraram uma entrada significativa de investimentos estrangeiros no país. Esse movimento aumentou a oferta de dólares no mercado doméstico, pressionando a cotação da moeda americana para baixo.

Além disso, a venda da participação da Cosan na Vale, que gerou cerca de nove bilhões e cem milhões de reais, também contribuiu para a entrada de dólares no país. Esse tipo de operação fortalece o real e reduz a demanda por dólares, ajudando a explicar a queda recente.


Cenário Doméstico: Medidas Fiscais e Expectativas

No cenário doméstico, as medidas fiscais anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tiveram um impacto significativo. Inicialmente, o pacote fiscal foi visto como insuficiente para estabilizar a dívida pública, gerando preocupações no mercado. No entanto, a expectativa de um resultado primário de 2024 ligeiramente melhor do que o previsto (0,1% do PIB, contra uma projeção anterior de 0,25%) ajudou a acalmar os ânimos.

Emerson Junior, head de câmbio da Convexa, destacou que, embora o cenário fiscal ainda seja desafiador, a melhora nas projeções trouxe algum alívio ao mercado. Além disso, a perspectiva de que o Banco Central (BC) continuará elevando os juros para controlar a inflação também contribuiu para ancorar as expectativas e reduzir a percepção de risco.


Perspectivas para o Câmbio: Divergências entre Analistas

Apesar da queda recente, os analistas divergem sobre o futuro do dólar. Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, destacou que o cenário ainda é desafiador, com incertezas sobre a política fiscal brasileira e os desdobramentos das medidas de Trump. Ela avalia que o patamar atual do dólar pode refletir um “exagero” do mercado, mas ressalta que a situação pode mudar rapidamente.

Márcio Estrela, consultor da Associação Brasileira de Câmbio (Abracam), concorda que houve um “overshooting” em dezembro, com a desvalorização do real excedendo os fundamentos econômicos. Ele acredita que o dólar deve se estabilizar em um patamar mais alinhado com a realidade econômica do país.


Conclusão

A queda do dólar abaixo de seis reais é resultado de uma combinação de fatores, incluindo a postura mais moderada de Donald Trump, o aumento do fluxo de dólares para o Brasil e uma melhora nas expectativas em relação ao cenário fiscal doméstico.

Embora o futuro do câmbio ainda esteja cercado de incertezas, a tendência atual sugere que o real pode continuar se beneficiando desses fatores no curto prazo. No entanto, é fundamental acompanhar os desdobramentos das políticas internacionais e domésticas para entender como o mercado se comportará nos próximos meses.

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