7 momentos em que o Papa Francisco foi polêmico, mas Jesus também seria

Papa Francisco morreu em 21/04/2025. Relembre 7 atitudes polêmicas que, como Jesus, desafiavam tradições e revelavam o verdadeiro Evangelho.

Uma reflexão sobre o legado de Francisco após sua morte, à luz do exemplo de Cristo

A morte do Papa Francisco em 21 de abril de 2025 marcou o fim de um dos papados mais singulares e provocativos da história moderna da Igreja Católica. Seu legado, ao mesmo tempo amado e criticado, deixou uma marca profunda não apenas nos católicos, mas no mundo inteiro. Jorge Mario Bergoglio, o primeiro papa latino-americano e jesuíta, não teve medo de romper protocolos, desagradar setores conservadores e confrontar estruturas arcaicas.

Muitos de seus gestos e declarações foram vistos como polêmicos — não apenas por críticos da Igreja, mas também por fiéis perplexos com sua ousadia. No entanto, ao observarmos sua trajetória à luz do Evangelho, é possível reconhecer que suas atitudes refletiam, em muitos aspectos, a radicalidade de Jesus Cristo. Afinal, também Ele incomodou líderes religiosos, quebrou convenções sociais e pregou um amor que transcendia as barreiras culturais, políticas e religiosas de seu tempo.

A seguir, destacamos sete momentos emblemáticos em que Francisco causou polêmica — e como, muito provavelmente, Jesus teria feito o mesmo.


1. Quando disse que “Deus não é católico”

Em uma de suas falas mais controversas, Papa Francisco afirmou: “Deus não é católico. Deus é amor”. Para muitos, essa declaração soou como uma quebra da identidade religiosa; para outros, uma reafirmação do caráter universal do amor divino. A afirmação, longe de relativizar a fé católica, aproximava o discurso papal do Evangelho de João: “Deus é amor, e quem permanece no amor, permanece em Deus” (1Jo 4,16).

Jesus, em sua missão, também superou fronteiras religiosas. Dialogou com samaritanos, curou pagãos e destacou que o bom samaritano — herege aos olhos judeus — foi exemplo de misericórdia. Assim como Francisco, Cristo não reduziu Deus a um sistema religioso, mas revelou um Pai que ama todos incondicionalmente.


2. Ao lavar os pés de mulheres e muçulmanos

Durante a celebração da Quinta-feira Santa, Francisco lavou os pés de mulheres, muçulmanos e até pessoas não cristãs. Para muitos setores da Igreja, isso era “ir longe demais”, pois contrariava uma tradição estritamente masculina. No entanto, sua atitude resgatava o sentido mais profundo do gesto: servir sem distinção.

Jesus lavou os pés de seus discípulos — ato escandaloso para um mestre — e afirmou: “Eu vos dei o exemplo para que façais como eu fiz” (Jo 13,15). O serviço de Cristo não escolhia raça, gênero ou religião, e Francisco repetiu esse modelo com clareza desconcertante.


3. Quando acolheu homossexuais dizendo: “Quem sou eu para julgar?”

Essa talvez tenha sido a frase mais repetida de todo o seu pontificado. Em 2013, ao ser perguntado sobre homossexuais no clero, Francisco respondeu com a agora histórica: “Quem sou eu para julgar?”. Essa postura, embora não mudasse a doutrina da Igreja, marcou um tom radicalmente diferente — de acolhimento, escuta e compaixão.

Jesus também foi acusado de conviver com pecadores. Ele comia com cobradores de impostos, acolhia adúlteras e dialogava com os marginalizados. O Papa, ao seguir essa linha, causou desconforto entre os puristas, mas evocou o coração do Evangelho.


4. Quando criticou o capitalismo e o consumismo global

Francisco foi um crítico contundente das desigualdades causadas pelo capitalismo selvagem. Encíclicas como Laudato Si’ e Fratelli Tutti denunciaram a exploração ambiental e humana, chamando atenção para um mundo onde “o lucro está acima da dignidade humana”.

Jesus também enfrentou os poderes econômicos de sua época. Expulsou os vendilhões do templo, denunciou os ricos que exploravam os pobres e disse: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24). Ambos denunciaram sistemas que escravizam os mais fracos.


5. Ao abrir as portas para o diálogo com outras religiões

Papa Francisco orou em mesquitas, visitou sinagogas, encontrou-se com líderes budistas e hinduístas. Sua busca pelo diálogo inter-religioso foi vista por muitos como concessão demais. No entanto, sua intenção era promover a paz, a tolerância e a fraternidade entre os povos.

Jesus, por sua vez, não excluía ninguém do Reino de Deus. Ele se revelou ao centurião romano, curou a filha da mulher siro-fenícia e exaltou a fé de estrangeiros. A universalidade da salvação, proclamada por Jesus, encontra eco claro na postura diplomática e espiritual de Francisco.


6. Quando afirmou que os ateus também podem ser salvos

Francisco surpreendeu ao afirmar que os ateus, se forem pessoas de bem e seguirem a consciência, podem ser salvos. A reação imediata foi de escândalo. Contudo, ele apenas reforçava a doutrina sobre a consciência moral e a misericórdia divina.

Cristo, ao falar sobre o juízo final, destacou as ações concretas de amor: “Tive fome e me destes de comer…”. Não mencionou confissões de fé, mas atitudes de justiça. Francisco apenas recordou essa verdade silenciosa do Evangelho.


7. Ao viver com simplicidade e renunciar aos privilégios do cargo

Desde o início do pontificado, Francisco escolheu viver na Casa Santa Marta, recusou o trono papal tradicional, usava roupas simples e pregava contra a “Igreja mundana”. Foi chamado de populista, de “papa dos pobres” — em tom pejorativo — por quem não compreendia sua proposta.

Jesus também não teve onde repousar a cabeça. Andava descalço, pregava nas praças e subvertia o conceito de poder: “O maior entre vós seja aquele que serve”. A simplicidade de Francisco era, mais uma vez, o reflexo do Cristo pobre e humilde.


Conclusão

O Papa Francisco foi, sem dúvida, uma figura desconcertante. Sua morte deixa uma lacuna profunda, mas também um rastro luminoso de transformação. Foi amado por muitos, criticado por outros, mas acima de tudo, foi coerente com a fé que professava. Seu pontificado foi marcado não por escândalos morais ou luxos, mas por escândalos evangélicos: o escândalo da misericórdia, da inclusão, da justiça e da verdade.

Francisco não apenas imitou Jesus; ele o traduziu para o nosso tempo. Em um mundo dividido por muros, ele pregou pontes. Em uma Igreja muitas vezes fechada, ele abriu janelas. E em uma época de polarizações religiosas e ideológicas, ele escolheu o caminho mais difícil: amar como Cristo amou.

Hoje, ao lembrarmos sua trajetória, não vemos apenas polêmicas — vemos o Evangelho encarnado em gestos reais. Que seu legado não seja apagado pelas controvérsias, mas celebrado como um testemunho autêntico do cristianismo em sua forma mais pura.

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